heartstopper 2º Temporada

E aí, seres humanos, como vocês estão? Espero que bem. Acabei, ontem, dia 07 de agosto, a nova temporada da série "Heartstopper". Eu admito que séries românticas não são as minhas favoritas, na verdade, raramente me prendem. Romance, comigo, é um gênero que não funciona sozinho, precisa ter um terror, luta, aventura, algo a mais ou, pelo menos, precisa ter um pouco de reflexão profunda. "Amor por amor" realmente não me atrai tanto para chamar minha atenção. Então, quando lançou a série, eu relutei muito para assistir, pois sabia que seria mais um drama adolescente, o que, como já disse, não me prende muito. Mas essa série, assim como uma outra que também segue a temática LGBTQIAPN+, trazia uma coisa diferente, algo que nenhuma série de romance heterossexual (salvo as ficções que criam crises surreais) poderia ter, que é a luta por "existir". Antes de uma pessoa dessa comunidade sequer pensar em amar ou lutar por alguém ao seu lado, sua primeira luta é pela existência. Aproveito para recomendar a série Pose, que é até um pouco mais aprofundada nessa temática.

Mas voltando para o foco, em sua primeira temporada, a série foca quase que 100% no Charlie e Nick, os personagens principais, o que não está errado, mas acaba deixando os outros personagens, como o Ben, a Elle, Tao, entre outros, em um extremo underground. Eles acabam apenas se resumindo a alívios momentâneos do personagem principal. Precisa de um vilão? Chama o Ben. Precisa de cena com amigos? Chama o Tao. E sempre vivendo e ouvindo os dramas do Charlie, com poucos momentos se aprofundando nos problemas de seus amigos.

 

 Isso com certeza foi corrigido na nova temporada. Agora vemos um aprofundamento maior em cada personagem. Vemos momentos de descobertas de sexualidade, revelações amorosas e, o que eu sinceramente mais queria ver, a relação com a família. Nesse contexto, posso dizer que senti até uma ficção. Claro que não conheço as famílias inglesas para saber como seria, mas a realidade é bem diferente. Vamos, pais e mães compreensíveis, até apoiando as relações. Poucos personagens, como o irmão mais velho do Nick, mostram-se problemáticos com a realidade. Somente um pouco mais à frente, conhecemos a família de uma outra personagem, à qual não fica claro, mas parece pertencer a uma família mais religiosa. Quando sua mãe a vê de terno, fica enfurecida e a coloca para fora de casa, o que aí sim mostra um pouco mais da realidade da comunidade. Pode parecer cruel, mas normalmente é assim que acontece. E quando não são colocados para fora de casa, passam o resto da vida ouvindo e aturando "piadinhas" sem poder responder. Pois, se respondem, são chamados de "mal-educados", e se choram ou se permitem sofrer, são chamados de "boiolinha", "menininha", "viadinho". Ou seja, aguente calado.
   

Outro aspecto interessante abordado na série é o bullying, ou, em outras palavras, o preconceito que Charlie sofreu há algum tempo. Não vemos diretamente esses acontecimentos, mas sim as sequelas dele, o que, na minha opinião, foi genial. Já passamos da fase de mostrar o que é bullying, de explicar que é errado e que devemos respeitar todos como são. A Netflix trouxe uma proposta diferente: mostrar não o ato ou o acontecimento, mas as consequências. E até me identifiquei com essa parte. As constantes "vozes" na cabeça de Charlie, lembrando-o o quanto ele é "nojento", "feio", "estranho", a dificuldade em comer ou prestar atenção em qualquer coisa, pois sua mente volta constantemente àquele momento e tudo parece que não faz sentido. Na série, esse aspecto é levado para um lado extremo, mas não vou contar mais para não dar "spoiler".

Em geral, essa é uma série que eu diria ser ótima para aplicar ensinamentos para diferentes públicos. Claro que o lado romântico é bonitinho e extremamente adorável, mas existe uma mensagem por trás, e essa mensagem deve ser vista e ouvida por todos. Bom, essa é mais uma série que eu só posso dar nota 10 para todo o elenco. Não há momentos ruins de se assistir, apenas lições e aprendizados.

AHHHHHH, quase esqueci de falar de algo que eu preciso comentar: com certeza foi uma sacada de gênio da Netflix. Em um dos momentos da série, os professores ficam observando tudo que está acontecendo. Os jovens aprontam uma brincadeira noturna, e os professores os pegam e mandam voltar para seus quartos. Um dos professores faz a seguinte afirmação: "...Agora é um pouco tarde para ter essa experiência", dizendo que, quando jovem, não teve a oportunidade de viver esses romances, intrigas e muito mais. E a resposta que ele recebe é: "Nunca é tarde para viver..." Parece meio sem sentido, mas a Netflix sabe que a maior parte do público que assiste a essa série são jovens de mais de 20 anos, ou seja, que já passaram dessa fase. Com certeza, essa cena foi uma mensagem para os fãs entenderem que, não importa a sua idade, você pode sim viver isso.

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